Por que política se discute? Uma das frases mais comuns e conhecidas que existe diz que “futebol, política e religião não se discute”, mas vamos desmitificar um pouco isso, beleza?
Quando utilizamos o termo política, falamos não apenas do poder legislativo, executivo e dos diversos partidos (não, não é só isso!). Quebre esse paradigma e a veja como um ato de reflexão e construção intelectual, que você pratica constantemente no seu dia-a-dia.
Você é político quando cria discursos, mental ou expressamente, com diversos argumentos, seja sobre a sua realidade, em função de suas experiências ou da observação do universo a sua volta.
Não existem certos e errados, o conhecimento de cada indivíduo lhe fornece dimensões de realidade completamente adversas, com relevâncias diferentes e aplicações mais variáveis ainda, por isso, sim, política se discute para que você veja o mundo sobre outros olhos, que nunca serão os seus.
Aliás, antes da política ser conhecida assim, os indivíduos consideravam os atos de reunião e debate como parte da rotina, era um momento necessário para discutir os temas relevantes ao convívio entre grupos, fossem eles semelhantes ou não.
A partir do momento que o homem desenvolve sua autoconsciência, ele investiga seus próprios pensamentos e questiona o que acontece consigo mesmo e ao seu redor, construindo uma base argumentativa, mesmo que paulatinamente.
Os agrupamentos de pessoas, antropologicamente falando, praticavam política desde que se organizaram num convívio, ou seja, coexistindo com o outro. Digo isso porque precisavam conviver de uma maneira minimamente harmônica, defender suas vontades e àquilo que lhes importava, material ou imaterialmente, é um comportamento quase que inato à racionalidade humana.
De qualquer maneira, o que conhecemos etimologicamente da política se desenhou com mais detalhes na antiguidade, mais precisamente nos arredores da Grécia Antiga. Derivando da filosofia, a ciência política se estabeleceu como um modo de ser, uma arte cultivada pelos mais nobres intelectuais, mas cuja origem se dava desde o início do mundo delineado pelos homens.
Compreendendo fatores da Ética, da complexidade da psiquê e aretê humanas (alma e virtudes respsectivamente) e uma constante busca por certezas, a política surge como o discurso melhor elaborado para discutir a respeito do convívio universal (de sua physis) e pleitear com o conhecimento próprio e comum.
A propósito, quando se toma conhecimento do que é poder então, aí que a política toma rumos indomáveis, afinal, um bom argumento é capaz de convencer muita gente e tornar o impossível, possível.
As direções vão desde as súplicas e desejos individuais às necessidades do coletivo, ao traçar estratégias de conhecimento e estabelecer formas de destaque perante a sociedade (percebe que você faz isso a todo momento, seja dentro da sua família, no seu trabalho e/ou ambiente de estudo?).
Pois bem, o poder político vai se estabelecendo e se afirmando em cada seara e daí vem a ideia de governo! Estabelecer comunidades, pólis (cidades), ter representação no povo, lutar por territórios, ideais, bem-estar coletivo e poder, muito poder.
O vem em seguida suponho que você lembre das aulas de história: surgem líderes, formas de governo, corrupção (desde que o homem é homem, egoísta, egocêntrico e limitado), muitos exemplos maravilhosos e muita ruína.
Por incrível que pareça, a mente humana não mudou muito ao longo dos milênios, suas funcionalidades são basicamente as mesmas e felizmente a racionalidade o acompanha para uma busca de conhecimento, mesmo que mínima, para diferenciá-lo de um ser guiado puramente por instintos.
A política continuou sendo realizada, dia após dia, se organizou na mão de muitos, de poucos, de todos e também de ninguém, e virou tema de debate e discussão constante, tomou consciência agora?