Violência doméstica é crime! Você sabia disso? Portanto, não dá para tratar um tema deste levando em consideração qualquer outro eufemismo para encobrir ações hediondas protagonizadas contra a mulher. A verdade é que violência doméstica não é só coisa de mulher! É um dever de todos se interessar pelo tema em caráter de esclarecimentos em busca da justiça e a proteção do estado de direito da cidadã.
Leia também:
Como você pode se proteger de violência doméstica?
No décimo segundo ano de aplicação da Lei Maria da Penha, o Brasil vive um descaso por parte de imensa gama da população brasileira pela desenfreada violência contra a mulher. E isso foi tema hoje do broadcast Estado Cidadão.
Broadcast sobre Violência Doméstica e Feminicídio
Clique aqui para assistir todo o broadcast Estado Cidadão.
Tivemos um debate bastante esclarecedor sobre os termos que espelham a violência brutal vivida no cotidiano da #mulher. Os direitos das mulheres é constantemente achincalhado pela estrutura social que embasa por séculos a sociedade mundial. Em especial no Brasil, as mulheres sofrem uma cultura machista e patriarcal arraigada no DNA do brasileiro.
Num dos momentos, a bancada discutiu o próprio emprego do termo feminicídio associado ao seu significado ancorado no código penal.
Participaram da bancada do Estado Cidadão Isabela Falcón, Narli Resende, Indiara Barbosa, Márcia Oliveira, Karine Reginato, Fabiane Girelli e a participação de Andressa Ramos dos Santos e de Fernanda de Freitas com vídeos comentando o tema.
É relevante que este tema seja sempre debatido em caráter construtivo livre do condicionamento machista encontrado também em grande parte das mulheres brasileiras. O feminismo, termo de aplicação pejorativa por parte dos poucos esclarecidos, demonstra como precisamos evoluir como sociedade. Este é um dos aspectos que implicam a discussão ainda extremamente necessário dentro do espectro social.
Por que feminicídio só é discutido depois de tragédias brutais?
Infelizmente, percebemos que o feminicídio é bastante discutido a partir de uma tragédia de projeção gigante como estímulo. Um destes estímulos atuais foi o crime brutal que aconteceu na cidade de Guarapuava.
O crime brutal sofrido pela advogada Tatiane Spitzner acabou sendo destaque de agências de notícias de expressão mundial como o El Pais, BBC e New York Times. Isso porque, realmente, a sociedade brasileira se chocou com o ritual registrado nas câmeras de segurança do prédio residencial endereço do casal. Cenas que registram a clara violência doméstica brutal numa escalada de temperatura sem o menor pudor por parte do perpetrador marido.
Este caso se torna emblemático por uma série de fatores que conjuram o espelho da realidade da mulher no Brasil. Ainda mais porque não dá para taxar este episódio sobre algum recurso limitador social. O que significa isso? Que violência doméstica não é coisa de pobre, não é coisa de mulher nem coisa de mimimi...
O perpetrador, o marido Luís Felipe Manvailer, é professor. Como compreender a fúria de violência associada a um educador? Como é possível desvincular o caráter profissional de um assassino e violento marido que aplicou violência doméstica por anos contra a esposa? Quem fala que é difícil compreender parece não acreditar que a violência doméstica foge de qualquer limite socioeconômico ou cultural. Isso pode acontecer com qualquer pessoa. Isso está acontecendo agora com muitas mulheres enquanto você lê este texto, infelizmente.
Outro caso que chama a atenção é da bailarina de funk, Amanda Bueno, morta de forma brutal pelo marido Milton Severiano Vieira em 2015. O ponto alto deste estímulo social que alavancou a exposição na vitrine da mídia foi justamente o registro de imagens por câmeras de segurança flagrando todo o crime brutal e covarde.
Outro caso que chamou atenção, desta vez em 2016, foi o caso de violência doméstica sofrida por Luiza Brunet. Este episódio desnudou mais uma vez o crime que está em todas as esferas sociais sem qualquer planejamento educacional que mudasse a herança comportamental de uma sociedade viciada na ignorância.
O documentário Mexeu com uma, mexeu com todas traz depoimentos de mulheres conhecidas pelos brasileiros demonstrando como foram vítimas de violência doméstica pelas pessoas que deveriam zelar pela segurança e o estado de direito das mulheres. Porém, sofreram as ações brutais pelos psicóticos maridos covardes que nunca cumpriram meramente o respeito devido.
Violência doméstica é comum no mundo
Lembra da Tina Turner? Ela foi conhecida pelo showbiz mundial na década de setenta por fazer uma dupla musical com o marido Ike e trazer um swingue contagiante.
Quando Tina participou do programa The Jonathan Ross Show, da ITV, disse:
Eu saí do casamento sem nada e tive de fazer as coisas por mim mesma, para minha família, então eu voltei a trabalhar para me manter. Foi muito difícil e perigoso porque Ike era uma pessoa violenta e, naquele momento, usava drogas e estava muito inseguro. Eu não tinha dinheiro, eu não tinha para onde ir.
Hospedados no Statler Hilton, em Dallas, Texas, nos Estados Unidos, a cantora decidiu fugir depois de levar uma surra que quase a matou.
Eu tive uma chance, eu disse: 'A saída é por essa porta' e, enquanto ele estava dormindo, eu saí do hotel pela porta da cozinha e fui em direção à estrada.
Quando Ike morreu em 2007, houve ainda veículos da imprensa que destacaram a indiferença dela perante o falecimento do ex-marido. Inclusive a matéria do jornal português Correio da manhã, demonstra como a notícia cria vínculo amistoso à falta de sensibilidade da cantora em perdoar o perpetrador espelhando a falta de senso sobre a brutalidade que rege a própria violência doméstica.
O mundo carrega desde sempre a pecha ignorante replicando sem mera consciência do condicionamento machista imposto pela própria cultura e história.
consulta realizada em 10 de agosto de 2018.
Outro caso que chamou atenção da mídia mundial foi a violência doméstica contra Rihanna perpetrada por Chris Brown, na época namorado da cantora.
Rihanna sofria ameaças, violência física e psicológica. As sequelas deste relacionamento conturbado fragilizou a autoestima da cantora ao ponto de vacilar muitas vezes em pleno palco durante seus shows e recorrer a amigos para terminar as apresentações.
Certa vez, Beyoncé revelou que precisou incentivar por telefone Rihanna a entrar no palco em meio a uma apresentação com mais de 90 mil pessoas. Isso demonstra o reflexo de insegurança acometido pela vítima de violência doméstica, independente de sua classe social, convivência ou cultura.
Novamente, a sociedade demonstra falta de entendimento sobre o caso quando o Snapchat usou o caso de violência doméstica contra Rihanna para fazer um anúncio brincando com a situação envolvendo Chris Brown.
Rihanna se pronunciou a respeito e apontou a falta de responsabilidade da plataforma incentivando o boicote ao Snapchat.
Infelizmente, a ocorrência de descasos relacionados à violência doméstica acontecem sempre na sociedade. Por isso, mesmo que enfrentando o eco ignorante dos replicadores machistas, devemos continuar a tratar disso em todas as oportunidades.
Violência doméstica é crime e precisa ser combatido com educação, ação e consequência. Não se pode atribuir este tema somente às mulheres. Do contrário, a humanidade perderá a chance de evoluir e será disseminada por um movimento autofágico natural das espécies medíocres.
Comente aqui o que você achou deste conteúdo e contribua com seus comentários para a construção de mecanismos mais abrangentes contra a violência doméstica e feminicídio.