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O Brasil não tem dinheiro para tudo

O Brasil não tem dinheiro para tudo
Rafael Cardoso
Sep. 9 - 9 min read
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Infelizmente, o Brasil não consegue sustentabilidade em suas contas públicas inchadas. Prova disso são as inúmeras instituições ser recursos há dois anos ou mais. Em 2018, o Brasil não tem dinheiro nem para sustentar projetos relevantes como o Centro de monitoramento de desastres naturais, sem nenhum repasse federal neste ano. Sabe o que significa isso? O Brasil já faliu.

A falência do Estado brasileiro

Aquilo que parecia um futuro distante evocado por pessoas pouco ouvidas acabou chegando e nem nos demos conta disso. A dinâmica da falência, aliás, é essa mesma. O sistema falido só é reconhecido quando está inabilitado de suprir questões básicas propostas pelo seu ecossistema. Logo, o Brasil faliu tal como uma microempresa fali, porém, o empreendedor só se dá conta quando seu estado chega às últimas consequências.

Corrupção é só mais um fator

Grande parte da população comprou a ideia de que a corrupção levou o Brasil para este cenário caótico. Porém, poucos entendem que o comportamento contínuo de irresponsabilidade na gestão pública, pelo menos no período recente, vem de um dos heróis nacionais. A era JK é um grande divisor sobre a irresponsabilidade sobre uma visão de grandeza pouco viável.

Ao transpor a capital brasileira para o meio do nada, JK ignorou a responsabilidade de viabilização e transformou o Distrito Federal num espelho megalomaníaco de um sonho pouco cívico.

Foi a construção de Brasília que criou uma dívida impagável externa. JK também demonstrou que a selvageria do aparelhamento pelas empresas de construção civil poderia ser viável. Basta estudar um pouquinho de história sob os registros de documentos oficiais para entender que o berço do esquema de corrupção estaria ali mapeado.

Como o aparelhamento de Estado realizado para a construção de Brasília, o país entrou em colapso ético desde a década de cinquenta, no século XX.

Este documentário demonstra como foi tomada a decisão de mudar a capital do Brasil. Juscelino assumiu um compromisso pela decisão passional de construir um legado. Tomado pelo sentimento ufanista, o então presidente da república conquistou logo a população com a bandeira visionária de resolver uma questão prevista na Constituição Brasileira vigente. Porém, não havia lastro financeiro para tal, tampouco JK se importaria com isso.

Essa passagem demonstra como a corrupção, apesar de ser um fator bem mais terrível pelo ponto de vista de segurança, deixou de ser a principal vilã diante o montante necessário para suprir as necessidades da gestão pública atual.

A gestão presidencial 1955-1960

Com o lema "50 anos em 5", JK também fomentou inúmeras outras obras. Obviamente, os resultados sobre a soberania nacional traziam perspectivas importantes para o Estado brasileiro. No entanto, com a realização de tantas obras sem viabilidade econômica, o Brasil estaria entrando numa seara pouco institucional. O casamento entre as empreiteiras e o poder começou diante um governo Jeca.

A malha rodoviária também sofreu uma turbinação empreiteira. Com pouco dinheiro nos caixas públicos, JK mais que dobrou a quilometragem inchando os interesses das concessionárias e montadoras de automóveis sem levar em consideração o poder econômico da população.

Tanto que foi no governo de Juscelino que a desigualdade aumentou demais com a concentração de riquezas na mão de poucos poderosos. Outra pista de sua necessidade de deixar um legado foi a inauguração precipitada da nova capital brasileira.

Kubitschek também quebrou a previdência. Isso porque parte dos poucos fundos que tinha reservado para pagar as aposentadorias das décadas seguintes foi direcionada para as obras do cerrado levantando o projeto de cidade romanceada pelos governantes da época. Se você acha que a culpa da bancarrota previdenciária na gestão petista é o problema, precisa conhecer mais sobre o tal herói nacional desenvolvimentista da década de cinquenta no século XX.

JK deixou também um alto endividamento e uma inflação galopante em detrimento de um plano irresponsável de governo. Mesmo com essa herança maldita, políticos se inspiraram nas visões irresponsáveis de JK e transformaram isso em um comportamento padronizado da administração pública.

Com a bandeira de fortalecer o desenvolvimento do Estado brasileiro, o governo de 1955 acabou se tornando o berço da falência brasileira. Desde então, a administração pública posterior tinha a missão de recuperar as contas totalmente estouradas. Enfim, uma recessão começou a surgir diante um Brasil extremamente frágil.

Golpe ou Revolução de 1964?

A instabilidade política gerada pela era JK acabou culminando na intervenção militar. Obviamente, os militares no poder demonstraram a mão pesada para construir uma unidade nacional. No entanto, eles ficaram anos no poder político e não conseguiram resolver aquilo que tinham proposto.

Independente da pecha chamada golpe ou revolução no processo de ruptura da política em 1964, o que se entende hoje é que este movimento pouco construiu como recuperação das contas públicas. O movimento realizado pelos administradores desta gestão militar foi antagônico, pois a máquina pública fica maior e mais insustentável no ajuste fiscal do país.

Os militares tomaram o poder diante um cenário de instabilidade política gerada pelo nacional desenvolvimentista do período populista de Juscelino. Jango não tinha o mesmo carisma, liderança e inteligência política, apesar de ser vice de JK.

Novamente, o Brasil entra em outro processo de decomposição da administração pública. Os militares incharam muito o Estado brasileiro e criaram também mais uma consequência futura diante uma linha história centenária.

Instabilidade até o plano real

Podemos levar em consideração que nunca antes houve preocupação em resolver as contas públicas. No entanto, uma série de movimentações políticas trazem contexto favorável, inclusive dentro do cenário mundial. A estabilidade do plano real que foi aplicada durante o governo Itamar Franco, traz uma economia estável e favorável ao crescimento.

Fernando Henrique Cardoso trouxe boa administração para criar mais participação em políticas internacionais. Porém, parte de seu governo foi pautado sobre a defesa de uma mudança constitucional em prol da reeleição. O desgaste para este processo ser realizado também comprometeu a força política fundamental para construir maior estabilidade de gestão pública. Novamente, o governo preciso aparelhar politicamente seus cargos principais para construir a reeleição como parte do processo eleitoral.

A economia se beneficiou com a estabilidade do plano real e isso perdurou até o fim do governo Lula. No entanto, novamente, tivemos aparelhamento e inchaço da máquina pública focando a perpetração de uma política ideológica capaz de dominar para um projeto de poder.

O Partido dos Trabalhadores perdeu sua hegemonia política destruindo aquilo que sobrou de gestão pública comprometendo, inclusive, os cofres públicos avalizando países do Mercosul e africanos que se aproximassem ideologicamente do governo majoritário.

O fim de qualquer perspectiva positiva na administração pública

Com o impeachment do governo Dilma, Michel Temer assume diante forte instabilidade política, institucional, governamental, econômica, ética e administrativa. Temer também é alvo de ações do Ministério Público numa guerra de bastidores de grande poder.

Este processo tentou trazer reformas estruturais que pudessem trazer maior positividade para uma guinada econômica. No entanto, o poder político mais uma vez teve que trazer negociações sobre forças e grupos político-partidários sem propósito cívico. Enquanto os políticos estavam preocupados em acessar orçamentos pomposos diante ministérios bêbados, o cidadão brasileiro míngua diante seus problemas domésticos básicos.

Sem confiança da população, apoio das forças sociais, alvo contínuo da mídia e de ações pouco republicanas do poder judiciário, independente de qualquer juízo de valor sobre a conduta do vice-presidente, Michel Temer como presidente do Brasil não conseguiu levar para frente questões mais assertivas para a reforma trabalhista ou a reforma da previdência.

Este processo abre um precedente terrível para o ano de 2019, principalmente por também levar a herança maldita de um orçamento irresponsável construído ao final do primeiro semestre no legislativo. Questões como o aumento de salários dos servidores públicos do judiciário, solução para a violência diante intervenção militar no Rio de Janeiro, rombo nas contas públicas, falta de políticas externas para consolidação de melhores ambientes de negócios, enfraquecimento do empreendedorismo interno com alta burocracia e uma tributação extremamente nociva a investimentos, ou seja, tudo isso para o novo presidente da república.

Resta saber se ainda temos forças para suportar o pessimismo de todos os segmentos da sociedade brasileira.


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