Beto Richa preso, diante o contexto eleitoral atual, demonstra que o PSDB também foi enquadrado pela polícia federal na manhã desta terça-feira 11 de setembro.
Longe da tragédia do WTC, em Nova York, a prisão do ex-governador do Paraná é como um avião nas torres da campanha de Geraldo Alckmin. Isso é relevante porque atinge uma das vitrines do partido 45 e aproxima os barões dos tucanos das celas ocupadas pelos barões do petismo.
Agora não tem como gritar aos quatro ventos que a Lava-Jato é seletiva. Em plenas eleições 2018, a polícia federal prende Beto Richa e a ex-primeira dama Fernanda Richa. Os dois foram levados pelo Gaeco acusados de receber propina da Odebretch em 2014. A etapa intitulada Piloto, cumpre mais prisões em outros estados e já se sabe que mais pessoas foram presas e também participaram do governo que atualmente está sendo investigado.
O motivo das prisões.
Outros cárceres realizados pela Lava-Jato
Outras prisões foram realizadas até agora. Entre elas estão pessoas ligadas diretamente a família Richa.
- Fernanda Richa – esposa de Beto Richa e ex-secretária da Família e Desenvolvimento Social
- Deonilson Roldo – ex-chefe de gabinete do ex-governador
- Pepe Richa – irmão de Beto Richa e ex-secretário de Infraestrutura
- Ezequias Moreira – ex-secretário de cerimonial de Beto Richa
- Luiz Abib Antoun – parente do ex-governador
- Edson Casagrande – ex-secretário de Assuntos Estratégicos
- Celso Frare – empresário da Ouro Verde
Ainda há mais mandatos de prisão e esta lista poderá crescer nas próximas horas. Estas prisões demonstram o aparelhamento que aconteceu por conta das ações financeiras intituladas propina pelos cofres da Odebretch que datam o ano de 2014, ano de reeleição do ex-governador pelo PSDB.
A prisão que desnuda os porões da política paranaense
Segundo a reportagem do G1, além de Beto Richa e seus asseclas, a polícia está procurando Joel Malucelli, sócio da empreiteira Jota Malucelli, para cumprir mandato de prisão. Malucelli é considerado um dos homens mais poderosos do Paraná e também é suplente da cadeira no senado ocupado por Álvaro Dias. Ainda que se tudo isso ainda não fosse suficiente, o empresário alvo da polícia federal também é dono da Band, da BandNews, da CBN e do Metro Jornal. Por isso, essa decretação da prisão de Malucelli atinge muito mais do que apenas um grupo político.
Esta prisão desnuda as bases de um grupo político extenso e bastante atuante nos últimos anos no estado do Paraná. Isso porque desde a administração de Álvaro Dias há atuação do empresário Joel Malucelli.
O sócio da empreiteira Jota Malucelli é também amigo pessoal de Álvaro Dias e estava atuando na campanha do candidato do PODEMOS de forma bastante presente. Essa ação hoje realizada pela polícia federal mostra que tudo pode estar interligado para eleger uma chapa que pregue a continuidade da administração de Beto Richa.
Muito além do aparente
A prisão de Beto Richa e os outros protagonistas demonstra que a Lava-Jato não tem compromisso com calendários eleitorais ou interesses partidários. Essa ação, inclusive, destrói a teoria de conspiração que os partidos de esquerda sustentaram por tanto tempo após a condenação de Lula.
Além do aparente está também a falta de transparência que o Paraná tem atualmente. Grande parte das ações realizadas pela administração de Beto Richa atinge também a sua participação nas administrações municipais há pelo menos 16 anos.
Beto Richa usou sua relação como vice-prefeito em início de carreira política com o mesmo grupo tradicional que por muitos anos controlou os cofres municipais. Beto Richa ainda jovem foi ungido por este grupo tradicional e se transformou no protagonista de uma força política já há muitas décadas atuando no Paraná, seja direta ou indiretamente.
Atualmente, Beto estaria atuando para eleger uma continuidade de sua administração no governo do Paraná. Tanto Cida Borghetti, quanto o próprio Ratinho Jr. estariam dentro deste espectro para dar continuidade na linha de administração que Beto Richa havia projetado desde 2010. Com posturas diferentes, os dois pretensos adversários atuais do pleito eleitoral para o cargo de governador do Paraná estariam disputando em caráter contraditório propostas relativas a seus projetos para o futuro do Estado paranaense.
Cida Borghetti também pode se prejudicar diretamente nas eleições 2018 por ser a continuidade de um governo eleito há 8 anos. Cida, atual governadora do Paraná e candidata à reeleição pelo PP, por mais que tente, não tem como se distanciar do governo Beto Richa, diretamente associado ao conluio político que foi atingido hoje pela Lava-Jato.
Essa continuidade política mostra como os paranaenses estão influenciados por uma das oligarquias políticas mais antigas do país vindouro do início do século XX.
O Paraná, hoje, é um estado importante para a União e tem uma arrecadação extremamente importante. No entanto, por influência destas forças tradicionais, nunca se soube a extensão de braços corruptos que lesaram o Estado.
Com essa ação da Lava-Jato, o paranaense e o Brasil podem descobrir a extensão de um conluio secular sem precedentes capaz de expor uma força de irrigação financeira que pode sustentar mais que somente a candidatura do PSDB para as eleições 2018.
Candidatura de Geraldo Alckmin
Sem compreender ainda a extensão deste episódio. Deve-se à princípio compreender que Geraldo Alckmin será o principal prejudicado. Isso porque parte de seus argumentos para demonstrar o sucesso do PSDB nas administrações públicas eram interligadas à atuação de Beto Richa no governo do Paraná.
Vitrine do PSDB, a administração dos tucanos no Paraná era motivo de orgulho dadas as condições em pleno governo petista para a realização de tantas obras e ações "positivas" para os paranaenses.
Com a prisão de Beto, Alckmin fica também comprometido por conta destes argumentos, além de também ler a sinalização que a Lava-Jato dá para os barões do PSDB que estão citados naquelas mitológicas planilhas da Odebretch.
Novamente, além do aparente está os porões dos tucanos. Isso porque há também indícios das propinas destinadas ao ex-governador paranaense serem água financeira no riacho de eleições passadas dos tucanos.
A operação Lava-Jato explica as ações da Operação Piloto, operação que envolve ações em três Estados no Brasil, além de também fazer buscas e prisões decretadas na capital paranaense e na região metropolitana de Curitiba.
As investigações são separadas em duas ações distintas, pois envolvem a força-tarefa da Lava-Jato e investigações realizadas pelo Gaeco. Essas duas operações revelam que há mais do que responsabilização dos protagonistas por caráter de corrupção ativa e passiva. Isso porque o Gaeco também tem a missão de investigar ações de grupos que caracterizam crimes organizados.
Aquilo que alguns leem como operações de aparelhamento dos interesses escusos loteando cargos e órgãos públicos pode ser também entendido como organização de crime organizado. Neste aspecto faz sentido o Gaeco se envolver.
Os agentes que organizaram a Operação Piloto explicaram que foi decretada prisão preventiva com validade de 5 dias para averiguação de provas sem o perigo de sofrer influência dos investigados. Essas ações hoje demonstram como os protagonistas investigados podem ter demonstrado para a PF motivação para cobrir provas diante as ações da justiça.
Vamos seguindo os desdobramentos dos fatos hoje para compreender melhor o que isso representará nos próximos movimentos da política no Paraná e na política brasileira.